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Bursite no quadril: e agora?


Antes de mais nada, feliz ano novo! Pra minha tristeza o primeiro post de 2017 não é dos mais felizes... mas ensina.

Desde muito tempo, quando eu corria, sentia uma dor incômoda na região do quadril, do lado direito. Comentava disso quando treinava com meu pai e ele: "Ahhh, é só aquecer que passa". Até que começou a não passar. Em novembro do ano passado eu sentia dores no quadril correndo, MUITA dor depois de correr e até dificuldade pra achar uma posição boa pra dormir no dia em que corria. Praticamente um ano depois da minha inflamação no joelho direito, mais uma lesão pra conta, logo imaginei.

Tratei de marcar médico o mais rápido possível para começar o tratamento que fosse necessário e assim agendei minha consulta com o primeiro ortopedista especialista em quadril com horário disponível no HCor. Durante a consulta, contei do meu histórico de corridas, das dores, ele fez uma breve movimentação da minha perna, rotacionando para ver a reação, e solicitou os exames: raio-x para verificar se havia algo com os ossos do quadril e a ressonância magnética para analisar os músculos e tendões. A suspeita inicial dele: tendinite no quadril. Eu já havia lido bastante sobre a bursite mas verdade nem sabia que era possível ter tendinite no quadril. E é viu? Esse artigo explica de forma bem direta a diferença entre a tendinite e a bursite: tendinite é a inflamação nos tendões dos músculos glúteos e a bursite é uma inflamação em uma bolsa (bursinha! =P) que existe para reduzir o atrito entre os tendões e ossos.

Fiz os exames e ansiosa que sou, abri o resultado antes mesmo do retorno. raio-X perfeito, meus ossos estão lindos e fortes como deveriam. Enquanto a ressonância trouxe a notícia ruim: "Bursite trocantérica acompanhado de edema da gordura que se interpõe entre o trocanter maior e o trato iliotibial, achados provavelmente relacionados a hipersolicitação mecânica / atrito."

Como eu não fazia ideia do que era trocanter e queria melhorar, voltei ao médico em busca de orientações de um tratamento e poder voltar às pistas logo logo. Não foi bem isso que eu ouvi. Sinto que o médico não curte corrida, ou já curtiu mas não pode correr e não quer que ninguém corra. A nossa conversa foi mais ou menos assim:

Doutor: "É Vanessa, com seus ossos tá tudo certinho, não tem tendinite como a gente suspeitava... Você corre né? Então, você tá com uma inflamaçãozinha aqui nessa bolsa, tá vendo esse sinal branco? É por causa do esforço e do impacto da corrida."

*até aí eu já sabia...

Van: Sim, to vendo. Imaginei que fosse isso mesmo, li um pouco sobre assunto. E agora? Eu repouso por um tempo e fisioterapia? Pego firme no fortalecimento?

Doutor: Isso, pára de correr por um mês... ou melhor, dois meses. Faz bicicleta, natação, coisas sem impacto. Aí depois você volta aqui.

Van: E fisio não ajuda? Antiinflamatório? Eu corri semana passada, sei que não devia, mas doeu muito.

Doutor: Tá, vou te passar um antiinflamatório e fisioterapia pode ajudar sim, mas enquanto você correr você vai sentir dor. Acabou de sair daqui uma menina com uma fratura feia, na cabeça do fêmur, por causa da corrida também. Sabe, às vezes o nosso corpo não *tá difícil lembrar a expressão que ele usou mas foi algo do tipo* foi feito pra esse tipo de esforço. Um dia eu tava vendo um documentário de...

E aí começou a contar a história de um homem que conseguiu ficar por sei lá quanto tempo numa água congelada só por que tinha excesso de uma enzima no corpo. E insinuou que os corredores que a gente vê nas pistas tipo o Bolt também tem algo a mais no corpo.

Van: Tá, não é que eu quero ser uma corredora profissional e eu sei que não tenho porte pra isso, é que eu gosto muito de correr.

Doutor: Olha, você toma esse antiinflamatório de doze em doze horas, vai ajudar a aliviar a dor. Mas corrida é isso aí. E você já pensou em tentar outro esporte? Por que você não tenta o tênis? Você vai gostar...


E assim eu saí do consultório com lágrimas rolando do meu rosto involuntariamente. Podia ter brigado? Podia. Mas se ele não entendeu que a razão de eu estar lá, procurando orientação médica, era porque eu quero continuar correndo, ele não entenderia nenhum argumento que eu utilizasse. Na boa, se eu quisesse parar de correr eu nem tinha ido procurar um médico, né? Depois de praticar tantos esportes diferentes eu finalmente encontrei um com o qual me identifico, não desisto no primeiro mês porque enjoei ou realmente não levo jeito, e me aparece um ser dizendo pra "testar jogar tênis". Esporte que ainda aposentou o Guga mais cedo por causa de uma lesão no quadril. *nada contra o tênis, acho LINDO e queria saber jogar, mas...

Saí brava, descrente do que tinha ouvido. E sem encaminhamento pra fisioterapia, pra ajudar. Liguei pro meu pai e ele não acreditava: "Como alguém diz pra uma menina que tem só 27 anos que é pra ela parar de correr?" Pois é pai, também não sei.

Se tem uma única parte boa nessa história, foi que eu compartilhei logo depois (quer dizer, depois de me recompor, rs) o episódio nas stories do instagram e MUITA, mas muita gente me mandou mensagens de incentivo e compartilhou contatos de médicos esportivos, outros ortopedistas e fisioterapeutas. Foi lindo e emocionante ver o quanto essa comunidade de corredores se apóia e compra minha briga de que ninguém tem autoridade pra "sugerir" que a gente desista de um sonho.

Tô com bursite, e agora? Primeiro de tudo, estou buscando outro médico. Pro meu azar, essa época de fim e início de ano é a que eles mais gostam de viajar, pelo visto... rs. Parei com a corrida, desde o dia 23/12, e continuarei fazendo outros exercícios sem impacto (bike, elíptico), alongamento e musculação. Pretendo começar fisioterapia assim que tiver um encaminhamento (pra conseguir reembolso do convênio, rs) e vamos que vamos.

Os obstáculos existem para que a gente os ultrapasse e saia deles ainda mais forte. Conto mais nos próximos capítulos, sempre corrindo (ou pedalindo, ou elipitiquindo... hahaha).




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